quarta-feira, janeiro 04, 2006

Loucos por e-mail

Este artigo da revista Única do Expresso de 17 de Dezembro é espectacular e vale a pena ler.

Loucos por e-mail

Os europeus viciaram-se em correio electrónico, segundo uma multinacional da informática

O uso de correio electrónico pode provocar dependência. A conclusão de um estudo sobre a utilização do e-mail podia dar origem a uma advertência como esta, devidamente afixada nos computadores de quase todo o mundo.
O estudo, desenvolvido pela multinacional de informática Symantec, baseou-se num inquérito realizado a 1.715 utilizadores de correio electrónico em empresas com mais de 500 empregados de 17 países europeus.
Os resultados são surpreendentes, mas provavelmente não tanto, se tivermos em conta o modo como lidamos com a correspondência electrónica todos os dias. Nos últimos 12 meses, assinala a Symantec, o volume de correio electrónico cresceu, em media, 47% no espaço designado por EMEA (Europa, Médio Oriente e Africa). Reflexo disso será o novo perfil do trabalhador de uma empresa, um viciado nesta forma de comunicação, que diz passar horas a consultar o e-mail. De facto, 52% dos inquiridos confessam despender, para esse fim, duas horas por dia a frente do computador, o que equivale a mais de um dia de trabalho por semana.
Mas há quem estenda esse período por quatro ou mais horas por dia (15%), ou seja, o equivalente a metade de uma jornada de trabalho. O estudo permitiu estabelecer quatro tipos principais de utilizadores, com uma fatia considerável de «dependentes» (ver caixa).
O retrato do e-mail, maníaco nacional não andara muito afastado destas características, admitem os responsáveis pela delegação portuguesa da multinacional que divulgou o estudo. «Bastara para isso observar a realidade do nosso dia-a-dia nas empresas onde trabalhamos e nas nossas casas, assinala Timoteo Menezes, da Symantec Portugal, «para percebermos como a Internet mudou a nossa percepção de comunicação e de acesso a informação».
E que, sendo os portugue¬ses «receptivos a novos vícios» tecnológicos, continua Timoteo Menezes, «com toda a certeza» pode afirmar-se «que o nosso comportamento na utilização do correio electrónico não diferirá muito dos nossos congéneres europeus».
A consequência principal desta mania, no que toca aos inquiridos pelo estudo, e o prolongamento do dia de trabalho. Grande parte dos utilizadores aproveita o fim do expediente para consultar o seu correio e mais de metade (54%) dedica-se a ele antes das nove horas da manha.
A sobrecarga parece ser a palavra para definir a azáfama das caixas de entrada e de saída dos e-mails europeus. Os autores do estudo aconselham, por isso, algumas medidas para desanuviar esse ritmo: a criação de pequenos atalhos que redireccionem as mensagens, organizando-as por grau de importância, um controlo central dos administradores de rede, filtros, entre outras.
No entanto, se a evolução europeia for semelhante a norte-americana, em breve estaremos, como da conta a impren¬sa do alem Atlantico, a usar o e-mail na casa de banho.

Perfil dos utilizadores
Disciplinados: 49% consideram-se rigorosos na consulta diária do e-mail limitando-se a usa-lo no horário de trabalho
Dependentes: 21% são viciados, entrando em pânico quando não têm acesso ao correio electrónico
Fóbicos: 10% admite ter medo de usar o e-mail por desconhecimento técnico preferindo a comunicação em presença
Submersos: 6% dizem-se bombardeados a não conseguem ler todas as mensagens que recebem por dia

Texto de Ricardo Nabais, ilustração de Nuno Vieira

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