Ataque - O pior vírus informático de sempre chega por e-mail
PORTUGAL INFECTADO
Portugal está entre os cinco países mais afectados do mundo pelo MyDoom (Minha Condenação), o vírus que mais rapidamente se propagou na história da informática e que colocou em alerta máximo todas as empresas de segurança do mundo. Cada português que ontem se ligou à Internet pode ter contribuído, sem o saber, para um ataque virtual, alegadamente a partir da Rússia, à empresa americana de software SCO, que decorreu durante todo o dia e que a obrigou a "sair" da Internet.
"É seguro assumir que muitos sistemas informáticos em Portugal e Espanha foram gravemente infectados", garantiu ao Correio da Manhã David Sancho, coordenador da Trend Micro, uma empresa de combate a vírus. De acordo com este responsável, "é quase impossível neste momento ter uma apreciação dos danos reais deste vírus, já que o ataque ainda não terminou".
Milhões de computadores foram afectados esta semana pelo vírus que chega por correio electrónico, usa a lista de endereços instalada na máquina para se multiplicar e massificar o ataque. Para além de atacar as empresas, fazendo milhões de acessos em simultâneo a partir dos computadores infectados (e sem que os utilizadores se apercebam), o vírus abre ainda uma porta do computador que permite o acesso a partir do exterior.
O próximo ataque está marcado para a próxima quarta-feira, desta feita tendo como alvo a Microsoft, que já ofereceu uma recompensa de 250 mil dólares por informações que conduzam à prisão do autor.
Uma das curiosidades deste vírus, ainda de acordo com David Sancho, é que ele "evita infectar certas organizações de natureza tecnológica, assim como instituições governamentais americanas. Esta será talvez uma forma de proteger o autor deste código que, em caso de detenção, não possa ser processado segundo a "Lei Patriota", concebida contra o terrorismo".
A presença do vírus foi detectada pela primeira vez no dia 26 de Janeiro à tarde. Depressa alastrou a todo o Mundo.
A situação é de tal forma grave que o Laboratório de Vírus da Panda Software declarou o alerta vermelha.
MILHÕES EM 220 PAÍSES
São às dezenas de milhões o número de cópias a circular por mais de 220 países, de acordo com as empresas que monitorizam vírus, que o detectaram completam-se hoje oito dias. Um em cada 12 ‘e-mail’ foi infectado, segundo a Message Labs.
A multiplicação gera um intenso tráfego nas redes, conduzindo à paralisação dos servidores e por consequência ao atraso na recepção das mensagens. De acordo com a Network Associates, o volume de vírus deverá duplicar este ano, face a 2003.
VÍRUS
'MYDOOM'
O remetente da mensagem pode ser qualquer pessoa, já que o vírus usa a lista de endereços do computador infectado. O assunto pode dizer: Hi, Hello Mail Delivery System e Error, entre outros. Tem um ficheiro em anexo que se pode chamar document, readme, doc, text, file ou data, e com extensões .pif, .scr, .exe, .cmd, .bat ou .zip. Quem partilha de ficheiros do KaZaA (música) também deve prevenir-se.
PERIGOSOS
No ano passado, o pior vírus foi o Sobig F, que atingiu mais de 300 milhões de ‘e-mails’. De resto, 2003 foi considerado o pior ano da história dos vírus, com 90 mil espécies criadas. Em termos sectoriais, um dos vírus mais perigosos para a actividade bancária foi o Bugbear.B, que atingiu 1300 entidades bancárias em todo o mundo. Em anos anteriores, o destaque vai para o Nimda, que eliminou 150 mil ‘sites’.
PRISÕES
O reforço das autoridades americanas e europeias já permitiu prender alguns autores de vírus. O FBI prendeu, em Agosto de 2003, Jeffrey Lee Parson, um jovem americano de 18 anos, sob a acusação de ter criado e disseminado uma variante do vírus Blaster. Em contrapartida, responsável pela criação do vírus Anna Kournikova entregou-se às autoridades holandesas, aguardando julgamento em liberdade.
200 MIL EUROS
A Microsoft oferece 250 mil dólares de recompensa, cerca de 200 mil euros, a quem ajudar a encontrar e deter o/ou os autores do vírus ‘Mydoom’. Este vírus, de tipo “verme”, constitui um verdadeito “ataque criminoso”, denunciou o conselheiro jurídico da Microsoft, Brad Smith. Quem espalhou o vírus “tem a intenção de prejudicar os utilizadores dos computadores e de os impedir a aceder a antivírus e outros ‘sites’ que possam ajudar”, sublinhou.
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